O Público.PT nos informa que a Visa e a Master Card não mais aceitarão doação de recursos à Wikileaks, conforme é possível ler abaixo. Mas o Stanley Burbuirinho nos informa que estas ciosas organizações mercantis continuam aceitando doações para a Ku-Klux-Klan, AQUI. Se você estiver sem paciência de procurar o segundo informezinho sublinhado em amarelo no canto direito, contando de cima para baixo, clique direto aqui e pague, com seu Visa e Master Card, o seu panfleto racista.
Se você for muito curioso e quiser perguntar por que ambos os cartões podem ser utilizados para financiar os assassinos racistas da Ku-Klux-Klan e não pode ser usado para financiar uma organização que dá transparência à ações golpistas de governos proto-fascistas, pergunte AQUI para a Mastercard e AQUI para a Visa.
Para ambas fiz a seguinte pergunta: “Gostaria de saber, em meu nome e de meus leitores, por que não é possível usar cartões Visa/Mastercard para fazer doações para a Wikileaks e é possível fazê-lo para a Klu-Kux-Kan: http://www.kkk.bz/hello.htm . É esta a política da empresa?” . Vamos ver o que respondem.
Abaixo, a matéria do Público.PT (prefira-o sempre aos jornalões brasileiros):
Tanto os cartões de crédito como de débito das duas empresas vão deixar de poder ser utilizados pela organização, que, para concretizar as operações, pede o envio de donativos na sua página de Internet.
À estação britânica BBC, a porta-voz da Visa disse que a empresa vai abrir uma investigação para determinar se os negócios da WikiLeaks contradizem as regras de utilização da Visa para realizar operações bancárias.
Isto significa que os pagamentos não vão ser suspensos imediatamente, explicou, já que o processo pode demorar algum tempo – que a porta-voz não especificou.
Da mesma forma, a Mastercard disse em comunicado estar a avaliar a hipótese de suspender o uso de cartões Mastercard pela WikiLeaks antes de a situação [a investigação] estar resolvida”.
Entretanto, o site, que agora se encontra alojado no endereço wikileaks.ch, publicou um comentário na sua contra de twitter fazendo um novo apelo a mais donativos: “Tornem-nos mais fortes”.
Nos últimos dias, a WikiLeaks viu várias empresas a cancelarem serviços utilizados pela organização.
A norte-americana PayPal suspendeu a realização de transferências à WikiLeaks há dias. Uma subsidiária da Amazon comunicou ao site de Julian Assange que teria de procurar outro servidor para alojar os seus dados.
E já depois disso, uma filial bancária do serviço postal na Suíça, a Postfinance, encerrou uma conta aberta por Assange para recolha de fundos de defesa, alegando que o australiano prestou informações falsas sobre a sua morada.
(com dicas do Stanley Burburinho)
P.S. A Visa nos respondeu:
Prezado Sr. Leider,
Agradecemos o seu contato. A Visa respeita e valoriza as perspectivas e opiniões dos portadores de nossos cartões.Esclarecemos que, em relação ao posicionamento da Visa sobre o site WikiLeaks, a Visa suspendeu temporariamente a aceitação de pagamento Visa no WikiLeak devido a investigação pendente sobre se o site vai contra as regras operacionais da Visa, incluindo as leis locais dos mercados em que operamos.
Atenciosamente,
SAC Visa
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(Wikipedia) Ku Klux Klan (também conhecida como KKK) é o nome de várias organizações racistas dos Estados Unidos que apoiam a supremacia branca e o protestantismo (padrão conhecido também como WASP) em detrimento de outras religiões. A KKK, em seu período mais forte, foi localizada principalmente na região sul dos E.U.A., em estados como Texas e Mississipi.
Em 1872 o grupo foi reconhecido como uma entidade terrorista e foi banida dos Estados Unidos.
O segundo grupo que utilizou o mesmo nome foi fundado em 1915 (alguns dizem que foi em função do lançamento do filme O Nascimento de uma Nação, naquele mesmo ano) em Atlanta por William J. Simmons. Este grupo foi criado como uma organização fraternal e lutou pelo domínio dos brancos protestantes sobre os negros, católicos, judeus e asiáticos, assim como outros imigrantes. Este grupo ficou famoso pelos linchamentos e outras atividades violentas contra seus "inimigos". Chegou a ter 4 milhões de membros na década de 1920, incluindo muitos políticos. A popularidade do grupo caiu durante a Grande Depressão e durante a Segunda Guerra Mundial.
A perda de respeitabilidade da Ku Klux Klan, unida a divisões internas, levou à degradação de seu público, apesar de a organização continuar a realizar expedições punitivas, desempenhando por exemplo o papel de supervisora de uma agremiação de patrões contra os sindicalistas, cuja cota estava em alta depois da crise de 1929.
Na década de 1930, o nazismo exerceu uma certa atração sobre a Ku Klux Klan. Não passou disso, porém. A aproximação com os alemães foi bruscamente encerrada na Segunda Guerra Mundial, depois do ataque japonês à base estadunidense de Pearl Harbor, quando muitos membros se alistaram no exército para lutar contra o "perigo amarelo". Só faltava o tiro de misericórdia ao império invisível. Em 1944, o serviço de contribuições diretas cobrou uma dívida da Klan, pendente desde 1920. Incapaz de honrar o compromisso, a organização morreu pela segunda vez.
Apesar de diversas tentativas de ressurreição (num âmbito mais local que nacional), a Ku Klux Klan não obteve mais o sucesso de antes da guerra. As mentalidades evoluíram. A ameaça de crise estava a partir de então descartada, tendo o soldado negro mostrado que era capaz de derramar tanto sangue quanto o branco. Finalmente, o Stetson Kennedy contribuiu para desmistificar a organização, liberando todos os seus segredos no livro "Eu fiz parte da Ku Klux Klan". Alguns klanistas ainda insistiram e suscitaram, temporariamente, uma retomada de interesse entre os WASP (sigla em inglês para protestantes brancos anglo-saxões) frustrados, que não compunham mais a maioria da população estadunidense.
Na década de 1950, a promulgação da lei contra a segregação nas escolas públicas despertou novamente algumas paixões, e cruzes se acenderam. Seguiram-se batalhas, casas dinamitadas e novos crimes (29 mortos de 1956 a 1963, entre eles 11 brancos, durante protestos raciais). Os klanistas tentaram se reciclar no anticomunismo, combatendo os índios ou atenuando seu anticatolicismo fanático.
As quimeras de Garvey tinham quebrado a solidariedade dos negros num tempo das mais pesadas ameaças; num tempo em que a Ku Klux Klan depois de 50 anos de pausa retomava a sua atividade, e quem sabe se não preparava ainda comoções mais terríveis do que aquelas a que tinha recorrido meio século antes. A primeira guerra mundial tinha também provocado nos Estados Unidos uma radicalização das condições políticas e novas correntes de ideais universalistas; acima de tudo incitou a Klan para um novo e perigoso estribilho. As tropas negras estadunidenses tinham adquirido em Paris,gosto especial por mulheres brancas; seria portanto de se esperar que indivíduos de cor viriam igualmente a importunar mulheres brancas nos Estados Unidos e que até mesmo as violentariam. Com o requinte psicológico de que o nosso século deu provas no capítulo da propaganda e no campo publicitário, estas conjeturas foram moldadas em todas as formas e com as particularidades plásticas descobertas na Europa, e depois de bem escovadas, introduzidas nos Estados Unidos. Numerosas mulheres e algumas das mais evidentes associações femininas começaram a tremer e a sentir-se ameaçadas; cada um dos negros que na Europa e no exército, de fato, se habituou a maneiras mais livres e maior segurança própria, passou a ser considerado um libidinoso errante propenso a atos de violência.
Os homens a quem dificilmente se poderia convencer de que eles também se deixariam cativar pelas negras acharam razão na propaganda da Klan por outros motivos; recordaram-se cheios de inveja de tudo aquilo que tinham ouvido e lido sobre a proverbial potencialidade de muitos negros; contaram as crianças negras de cabelo encarapinhado que viam nas ruas e quando na volta ao lar, de regresso da guerra, encontravam na sua banca de trabalho um negro ou um judeu como seu superior, na maioria dos casos não hesitaram mais e correram a alistar-se na Klan.
Os métodos da Ku Klux Klan não se haviam modificado de maneira sensível; agora, como antes, se balanceava (processo pelo qual se fazia deslizar uma vítima manietada por uma estreita barra de aço, dolorosamente, para cima e para baixo, a toda velocidade para criar atrito), espancava, extorquia, boicotava, exilava, linchava e assassinava.
Mas nada surtiu grande efeito e o declínio da Klan já tinha começado desde o fim da década de 1960, época em que só contava com algumas dezenas de milhares de membros. Depois, podia-se tentar distinguir os "Imperial Klans of America" dos "Knights of the Ku Klux Klan", ou ainda dos "Knights of the White Camelia", alguns dos vários nomes das tentativas de ressurgimento. Mas os klanistas não eram mais uma organização de massa. Apesar das proclamações tonitruantes e de provocações episódicas, as "Klans" não reuniam mais do que alguns milhares de membros, comparáveis assim com outros grupelhos neonazistas com os quais às vezes mantinham relações. A organização não parece estar perto de renascer uma segunda vez.
Klan e daquilo que pudessem os noviços do século vinte idear em horrores, mercantilismo secreto, ameaças e compromissos de maior responsabilidade. Os infernos passaram a chamar-se cavernas e as reuniões passaram a realizar-se em grandes locais muitas vezes sob o céu aberto. Não raro milhares de autos vinham reforçar, guardas a cavalo e a pé cercavam o local e estavam presentes os utensílios com que se entusiasma qualquer bom estadunidense: a bandeira das estrelas, a Bíblia aberta e o punhal desembainha do a fazer pano de fundo, uma cruz em fogo, na noite, projetava uma luz estranhamente tranquilizadora sobre as filas dos agora uniformiza-dos homens dos capuzes brancos.
De início a Klan só admitia como membros aquelas pessoas oriundas de pais brancos estadunidenses, nascidas nos Estados Unidos; além disso, os pais não podiam comungar na religião católica nem pertencer à raça judaica. Mais tarde deixou-se caducar a exigência de que os pais já deviam ser de nacionalidade estadunidense pois este ponto prejudicara em muito a solícita procura de membros para a Klan e a afluência de meios de contribuição de sócios. O candidato a aceitação era submetido do coração aos rins a interrogatórios e em seguida instruído de que a Klan exigia de todos os seus membros obediência cega. Seguia-se o juramento, batismo, ordenação e apostasia, com a leitura dos parágrafos da fé da Klan em que muito se tratava da raça branca e da religião cristã.
Os crimes que a nova Ku-Klux-Klan até a sua recente proibição cometeu, sobretudo nos estados do Sul dos Estados Unidos, são tão variados e numerosos, tão cuidadosamente velados e tão intimamente amalgama dos com as singularidades da vida pública naqueles estados, que nunca seria possível abrangê-los a todos. A simples crônica ou mesmo pequena revista, como nós aqui tentamos oferecer, nunca seria capaz de exprimir como o que aconteceu foi caprichoso e horrível. O mundo teve conhecimento aqui e ali de um registro especialmente alusivo nos jornais, mas depressa ele caiu no esquecimento da consciência mundial, ainda que esta fatalidade passe à posteridade, pois que não houve nenhum dos grandes escritores estadunidenses que alguma vez deixasse passar em branco atuação tão vergonhosa.
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Uma Brasileira no olho do furacão
Sempre munida de gravador, notebook e câmera, ela já esteve com refugiados tibetanos no norte da Índia, indígenas sob massacre na Colômbia, cholas bolivianas e em favelas de Cancún. Agora, está no olho do furacão. Foi a brasileira escolhida por Julian Assange para traduzir e publicar em primeira mão documentos do WikiLeaks sobre o Brasil. Agora, a vida da jornalista Natalia Viana está, como define, uma “loucura”. Suspeita que celular e e-mails sejam monitorados. Mas conta, em entrevista por e-mail ao Link, que já tem certeza que esses documentos estão mudando a realidade dos governos mundiais.
Natalia está publicando documentos do WikiLeaks em português. Também é a responsável por traduzi-los e produzir matérias diárias para um blog e para o wiki do projeto. Seu envolvimento com o WikiLeaks começou a ser traçado há quatro anos, quando ela foi fazer mestrado em Londres. Se envolveu com centros de jornalismo investigativo e começou a colaborar com veículos estrangeiros, como os jornais ingleses Independent e Guardian. “Participei de investigações interessantíssimas sobre corrupção transnacional, abusos de empresas multinacionais, guerra biológica”, conta. De volta ao Brasil, estreitou o contato com os jornalistas investigativos de fora. E conheceu o pessoal do WikiLeaks, “muito querido e respeitado neste meio”.
Natalia virou parceria do site recentemente, para ajudar na divulgação do Cablegate. Ela conta que, lá dentro, o trabalho é feito por diversos colaboradores voluntários que se comunicam “o tempo todo” através de mensagens seguras. É como uma agência de notícias. “Discutimos a pauta, como será o ângulo, quem vai editar e a hora. Como cada um está em um lugar, os horários são diferentes, então temos de coordenar para conseguir que o material saia na hora certa”, explica. Natália conta que não há rotina. “A coisa caminha de acordo com o que acontece no dia”, diz, exemplificando com os últimos acontecimentos desde que o WikiLeaks vazou 250 mil documentos diplomáticos dos EUA. “O site sofreu ataques hackers, foi tirado da Amazon, o dinheiro foi cortado e o Julian foi preso. Claro que tudo isso acaba prejudicando o trabalho, mas continuamos firme”.
Segundo ela, o trabalho é feito por todos, não apenas por Julian Assange. O fundador do WikiLeaks acabou virando uma figura emblemática do mundo atual – australiano, ele vivia na Suécia nos últimos meses e foi preso logo após a divulgação dos documentos, com a alegação de “crimes sexuais”.
Natalia diz que gosta muito dele. É uma pessoa, diz ela, que “nunca fala frivolidades. Nunca vai ficar horas falando sobre o tempo”. Ele não fala muito, mas fica ligado o tempo todo em quem está apoiando e “armando contra o WikiLeaks”. “Ele tem uma causa que é maravilhosa, porque questiona os limites do que é jornalismo, do que é transparência e do que deve ser privado e público, é uma compreensão única do potencial da internet. O Julian é um visionário”, diz.
Assange viveu em relativa tranquilidade mesmo com seu WikiLeaks, fundado em 2007, vazando documentos cada vez mais perturbadores. O site ganhou dois prêmios importantes, da revista Economist e da Anistia Internacional, e começou a incomodar os EUA neste ano, ao revelar abusos do exército americano no Iraque e Afeganistão.
O fundador do WikiLeaks pediu visto de residência na Suécia em agosto. Dois dias depois, foi emitido um mandado de prisão contra ele por “crimes sexuais”. A promotoria sueca recuou, até que em setembro outra promotora reabriu o caso. O pedido de visto foi negado e, em novembro, Assange recebeu outro mandado de prisão. Em 20 de novembro, o fundador do WikiLeaks entrou para a lista de procurados da Interpol; pouco depois, a justiça sueca recusou a apelação. E, no meio desse trâmite, o site soltou para o mundo os 250 mil telegramas secretos do Departamento de Estado norte-americano.
Entrevista. Natalia entrevistou Assange pouco antes de ele ser preso. Ele se entregou para a polícia de Londres na terça-feira, 7, e ficará sob custódia pelo menos até amanhã. Na entrevista, Assange negou as acusações de espionagem e crimes sexuais.
“A alegação de estupro é falsa e vai acabar se extinguindo quando os fatos reais vierem à tona”, disse. Ele ainda explicou que o que seu site faz não é espionagem. “O WikiLeaks recebe material de ‘whistle-blowers’ (pessoas que denunciam algo errado onde trabalham) e jornalistas e os entrega ao público. Nos acusar de espionagem quer dizer que teríamos de trabalhar ativamente para adquirir o material e o repassar a um estrangeiro.”
Natalia conta que, durante a entrevista, “ele estava bastante irritado” por causa das retaliações das empresas ao site. A Amazon suspendeu a hospedagem, e o PayPal cancelou a conta que o site usava para coletar fundos. “Mas ele também não é de perder a cabeça. Ele simplesmente põe a cabeça dele e de outros membros para funcionar a bolar o próximo passo”, descreve Natália.
Antes do vazamento, a jornalista conta que o pessoal de dentro do WikiLeaks sabia que algo grande estava por vir. “Os colaboradores tiveram acesso ao material antes do lançamento. Todos sabiam que era muito relevante e potencialmente bombástico”. Ela conta que Assange a procurou porque sabia que o Brasil “é uma referência para quem luta por software livre ou trabalha com cultura digital”. “O WikiLeaks me perguntou se eu tinha interesse em participar do projeto, lendo os documentos, elaborando uma estratégia de divulgação aqui no Brasil e, principalmente, estudando os documentos para fazer matérias em português.” Os documentos vazados falam sobre a gestão Lula entre 2003 e 2010. “Até agora o público pôde ver casos de lobby a favor de empresas americanas, como os EUA procuram usar a proximidade com o ministro da Defesa e o chefe das Forças Armadas, como o governo esconde que faz operações de contraterrorism, e que os EUA pretendem lucrar com a segurança nas Olimpíadas”, conta a jornalista.
Ela já imaginava que o vazamento teria uma grande repercussão, mas não tinha ideia do tamanho da reação dos EUA, que responderam com pressão sobre as empresas, bloqueio de fundos e ameaças a Assange. “Poxa, isso só mostra que eles não sabem como lidar com algo que é novo”, diz. O WikiLeaks é um opositor inédito e está fora dos enquadramentos legais normais. Por isso, Natalia acredita que os vazamentos já estão mudando a realidade. “Ficam tentando arrumar um conceito penal para poder dizer que o que o WikiLeaks – e o Julian especificamente – faz é crime. Mais que o conteúdo dos telegramas em si, o desespero dos EUA vem de não saber como lidar com esse conceito de transparência radical possibilitada pela internet”, reflete.
Por Tatiana de Mello Dias
Fonte: Estadão