segunda-feira, 13 de junho de 2011

Skylab

Com poucos minutos de atraso, o performático franzino Rogério Skylab chega ao palco com seus passos discretos, sem alardes evita os cumprimentos tradicionais ao público. Skylab é ovacionado pela plateia ansiosa por sua apresentação.

Inicia o show com a música Corpo e membro sem cabeça. “O dedo mindinho do lula, o olho de Luís de Camões...” canta. O compositor dá partida em seu espetáculo muito bem acompanhado de sua banda que apimenta e enfatiza suas letras undergrounds.

Com suas performances esquizofrênicas, Skylab se aproxima e se afasta do público com a mesma circunspeção. Em alguns momentos parece estar incomodado com os olhares da plateia e caminha sem rumo em volta do palco, subitamente retorna e impede que seus ouvintes relaxem.

Sem romper as fronteiras da música trash, Skylab recebe a interação do público durante a música Tem cigarro aí? A cada refrão da música, cigarros foram jogados no palco. Na sua atuação imitando Inri Cristo pedindo um cigarro, Skylab arrancou gargalhadas e aplausos espontâneos.

Em meados do espetáculo, Skylab indaga seu público. “Boa noite, repararam que eu não gosto de falar com a plateia, né?” e a aplaudido entoa com naturalidade sua próxima canção.

Na música O Corvo, Skylab espanta ao comer sentado no palco uma cenoura, como se não bastasse, ainda durante os versos da música ele entoa naturalmente “Plasil. Plasil. Plasil” e cospe pedaços da raiz tuberosa.

O espetáculo teve seu ápice quando Skylab cantou seus sucessos antigos como Fátima Bernardes Experiência, Música para paralítico, Carrocinha de cachorro-quente e Matadouro das Almas em que o músico simula espancar uma fã.

O show que teve a duração aproximada de duas horas, foi encerrado com a música Eu e Minha Ex e deixou seus fãs com o gosto de “quero mais”. Assim o público pediu a Skylab que cantasse outros sucessos, ele se desculpou e convidou a todos ao espetáculo no dia seguinte, no próprio Centro Cultural São Paulo.

Gravação do clipe

Entre seus gritos e gemidos, danças tímidas, passos miúdos e reboladas epiléticas, Skylab manda um beijo fervoroso ao seu público e questiona “vocês estão gostando?”. Com uma resposta positiva e empolgada, Skylab trás ao palco dois convidados.

O tecladista Astronauta Pinguim e a cantora Karine Alexandrino incrementaram a gravação do clipe da música Eu roubei a gravata?, mas não agradou ao público. As performances da cantora cearense, Karine Alexandrino, foram alvos de chacotas e desânimo por parte da plateia.

O último suspiro de um cadáver

O espetáculo na Casa Cultural São Paulo foi palco do lançamento do seu último trabalho. Em duas apresentações, o Skylab X, o último suspiro de um cadáver é o desfecho do planejamento de seu suicídio. O músico carioca anuncia a morte de Skylab no décimo volume de seu projeto desde o início de sua carreira, em 99, na tangente da indústria.

Skylab se autodenomina um cadáver da Música Popular Brasileira (MPB). O momento é de diálogo com seu tema preferido: a morte.

Com uma carreira independente há 21 anos o cantor e compositor Rogério Skylab é o que podemos chamar de uma pessoa livre. Em suas letras, o desconforto. Skylab divide seus versos em remédios, doenças, escatologia, morte e outros temas - para alguns – incômodos.

Skylab externou seu entusiasmo em meio a sorrisos, gestos com as mãos e gritos desafinados em sua apresentação.

por paolla Arnoni

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