Vem de Alagoas – terra do Mopho! - uma das maiores promessas
de renovação do cenário do rock independente nacional: a banda Necro. Trata-se
de um “power trio” formado em 2009, em Maceió, com o nome de “Necronomicon”, em
referência ao livro dos mortos da mitologia lovecraftiana. Influenciados pela
psicodelia, pelo rock progressivo e pelo Hard rock “setentista”, conseguiram
chamar a atenção de um pequeno selo norte-americano especializado no estilo, o
Hydro-phonic records, que lançou no mercado internacional, em vinil, seus dois
únicos álbuns – que foram precedidos por um EP de estréia, lançado em 2011.
O primeiro, “Queen of death”, de 2012, é um disco conceitual
cantado em inglês que conta, em suas letras, uma história baseado num conto de
fantasia e ficção científica escrito pelo baixista/vocalista Pedro Ivo. Se fosse
"quadrinizado", poderia ser publicado na célebre revista “Heavy
Metal”. Narra as desventuras de um assassino contratado para matar a tal Rainha
da Morte, líder de um culto poderosíssimo baseado em Yamoth, o planeta sagrado.
É para lá que somos levados através de musicas longas com vários mudanças de andamento
e refrões poderosos entremeados por riffs de guitarra precisos – as seis cordas
são comandadas por mãos femininas, de Lillian Lessa, uma fiel discípula de Tony
Iommy, o lendário guitarrista do Black Sabbath, e sua Gibson SG batizada nos
quintos dos infernos.
Para o segundo disco – homônimo, lançado no ano passado -
abreviaram o nome da banda e vieram com uma proposta mais diversificada, com
parte das letras em português e a presença marcante da guitarrista Lillian
assumindo, também, os vocais principais, em algumas faixas. O resultado foi
impressionante! Trata-se de uma verdadeira obra-prima, perfeita já a partir da
capa, magnificamente elaborada por Cristiano Suarez. Excelentes composições num
clima totalmente “retrô”, com direito a uma “balada Heavy Metal”, daquelas que
começam suavemente para logo em seguida explodir numa barulheira infernal, e um
solo de bateria, a mais anacrônica das manifestações musicais.
Deliciosamente anacrônica, a Necro navega contra a maré de
mediocridade que impera no cenário “roqueiro” tupiniquim. Tem vencido pela
persistência e pela qualidade, e aos poucos vão chamando a atenção por onde
passam, em incursões esporádicas pelos estados vizinha e por São Paulo, onde
são “apadrinhados” pelo lendário Luiz Calanca, criador da primeira loja e selo
independente da galeria do rock.
E não param! Lançaram um novo single, “Contact”, e o casal, Pedro
e Lillian, tem se aventurado em carreiras solo promissoras, com dois EPs precedidos de uma seqüência de singles
matadora que inclui uma sensacional homenagem a Salvador Allende cantada – por
Lillian – em francês! Um charme! Come se não bastasse os dois fazem parte,
ainda, do Messias Elétrico, outra sensacional banda alagoana que conta, em suas
fileiras, com ex-integrantes da Mopho.
Você precisa conhece-los! AGORA!
A.
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